quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Um jogo

Talvez fosse a maneira mais clara e mais sutil de descrever minha vida. Jogadas arriscadas e ousadas de um poker bem jogado; o mover de peças milimetricamente calculado de um grande jogador de xadrez, mostrando toda a suas habilidades para vencer o oponente, o mal caminho das máquinas mentirosas de bilhar, malditas!
A sutileza e não menos entusiasmante dos giros fascinantes dos dados, sempre torcendo para que dê certo assim como na roleta, aquele número, tão decisivo número, tinha que ser ele, tinha que ser; e lá, onde minhas habilidades eram mais cobradas, minha coordenação, minha inteligência, minha perspicácia. Na sinuca: eu tinha que jogar todo o jogo pensando nela, na tão sonhada bola 8, meu foco, e quando eu conseguisse, eu teria passado por mais um jogo difícil, difícil pelos meus oponentes, tão bravos e tão bons quanto eu, na verdade, não tão bons quanto eu, talvez pra qualquer pessoa que visse de fora, para mim sempre eu seria o melhor, uma história já muitas vezes contada. O fato é que a vida é assim, a minha vida é assim, tenho que dar lances, apostar para ver, crer para ganhar, ganhar para mostrar que nada se consegue sem tentar, tentar e tentar, para no final mostrar que sou o melhor, é assim na vida. Que nem a fantástica bola 8 no jogo, na vida também tenho um foco, alguém ou algo, alguém para os apaixonados, algo para os ambiciosos, os dois para alguém como eu. Eu jogo, quando perco jogo mais. Eu vivo, quando caio vivo mais. Eu ganho, quando ganho aposto mais alto. Eu consigo, quando consigo quero conseguir sempre mais.